A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença cercada de preconceitos e desinformação. Perguntas como “Posso encostar no meu familiar diagnosticado?”, “Temos que dormir em quartos separados?” ou “É necessário usar talheres diferentes?” são comuns, mas nem sempre refletem a realidade. Vamos esclarecer os mitos e as verdades sobre essa doença para acabar com o estigma e promover o conhecimento.
A transmissão da hanseníase ocorre por via respiratória, por meio de contato próximo e prolongado com gotículas de saliva ou secreções nasais de uma pessoa infectada. Isso, no entanto, exige convivência contínua, como em ambientes domésticos, de trabalho ou escolares.
Outro ponto importante é que apenas pessoas com a forma multibacilar da doença que ainda não iniciaram tratamento podem transmiti-la. Logo que o tratamento começa, o paciente deixa de ser contagioso.
“A pessoa para de transmitir a doença logo quando começa a fazer uso do medicamento. Por isso, é essencial buscar auxílio médico ao perceber os primeiros sinais”, explica Anna Maria Sales, médica do Ambulatório Souza Araújo, unidade especializada da Fiocruz.
Sim, a hanseníase tem cura. O tratamento é gratuito, oferecido pelo SUS e varia conforme a forma da doença:
O paciente recebe medicamentos mensais supervisionados e doses para tomar em casa nos outros dias. A adesão ao tratamento completo é crucial para garantir a cura e evitar complicações ou recidivas.
Não. Apesar de ser infecciosa, a hanseníase não é altamente contagiosa. Muitas pessoas entram em contato com o bacilo Mycobacterium leprae, mas a maioria tem uma resposta imunológica eficaz e não desenvolve a doença.
Além disso, medidas preventivas, como rastreamento de contatos próximos do paciente diagnosticado, são fundamentais. Esses contatos passam por exames específicos e, quando necessário, recebem uma dose da vacina BCG para prevenir formas graves da doença.
Não há necessidade de separar copos, talheres ou outros objetos pessoais. A hanseníase não é transmitida pelo toque ou pelo compartilhamento de utensílios. O convívio social e familiar com o paciente em tratamento pode e deve ser mantido normalmente.
O diagnóstico da hanseníase depende da observação de sinais e sintomas, como:
Se houver suspeita, o rastreamento de contatos próximos e o diagnóstico precoce são essenciais para prevenir sequelas e interromper a cadeia de transmissão.
Reconhecer a hanseníase requer atenção dos médicos e enfermeiros durante a anamnese. Muitas vezes, o diagnóstico só é possível se o profissional considerar essa possibilidade.
“O profissional precisa estar atento a detalhes como manchas na pele e dormência e investigar o histórico do paciente, incluindo convivência com pessoas diagnosticadas”, ressalta Anna.
Apesar de curável, a hanseníase ainda carrega o peso do preconceito, muitas vezes por falta de conhecimento. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2022, mais de 17 mil novos casos foram registrados no Brasil, muitos deles já em estágios avançados.
A informação é a principal aliada para combater o estigma. Promover o diagnóstico precoce e o tratamento correto garante não apenas a cura, mas também a reintegração social dos pacientes.