Sabia que pets podem melhorar nossa imunidade?

Você já pensou que o simples ato de conviver com um animal de estimação pode fortalecer seu sistema imunológico? Vários estudos científicos indicam que a exposição a microrganismos trazidos por cães, gatos e até cavalos pode ajudar o corpo humano a lidar melhor com alergias, asma e outras doenças autoimunes. Muito além da companhia e do carinho, os pets são aliados silenciosos da nossa saúde.

Amish, vacas e a surpresa dos cientistas

O ponto de partida dessa descoberta veio de um estudo com crianças da comunidade Amish, nos Estados Unidos. Elas vivem em contato direto com animais desde muito cedo, em um ambiente rural sem tecnologias industriais. Isso chamou a atenção de médicos e imunologistas por um motivo curioso: essas crianças têm taxas muito mais baixas de asma e alergias do que a média da população.

Para entender o fenômeno, os pesquisadores compararam crianças Amish com as de outra comunidade agrícola, os Huteritas, que vivem com menos proximidade dos animais. O resultado foi claro: os Amish, mais expostos a microrganismos do ambiente rural, tinham sistemas imunológicos mais bem calibrados.

O “efeito minifazenda” e os pets de casa

Essa lógica da exposição precoce a microrganismos foi batizada de “efeito minifazenda”. E o mais interessante é que os benefícios não se restringem a quem vive no campo.

Estudos mostram que crescer com animais de estimação também faz diferença:

• Crianças que convivem com mais de um animal em casa nos primeiros anos de vida apresentam menos risco de desenvolver alergias.
• Ter um cachorro em casa pode reduzir o risco de asma em até 14%.
• A convivência regular com pets estimula o sistema imunológico a trabalhar de forma equilibrada.

Ou seja: o simples fato de ter um cachorro, um gato ou qualquer outro pet pode moldar positivamente a maneira como o corpo reage a agentes externos.

Um empurrãozinho microbiano

A explicação para tudo isso está no nosso microbioma — o conjunto de trilhões de microrganismos que vivem no nosso corpo, especialmente no intestino e na pele. Eles participam ativamente da digestão, da proteção contra patógenos e, claro, da imunidade.

Quando interagimos com nossos pets:

• Bactérias dos pelos e das patas entram temporariamente em contato com nossa pele e nosso sistema.
• Isso faz com que o corpo reconheça esses microrganismos e aprenda a reagir a eles de maneira saudável.
• Ainda que esses micróbios não “fiquem” no nosso corpo, eles ajudam o sistema imunológico a se manter ativo e preparado.

Além disso, estudos indicam que pessoas que moram com pets costumam ter microbiomas intestinais mais parecidos entre si, sugerindo que os animais também funcionam como vetores na troca de microrganismos entre os humanos da casa.

Não precisa ter um zoológico em casa

Claro, nem todo mundo pode ou quer viver cercado de animais. Mas mesmo interações ocasionais podem trazer benefícios. Pesquisas com crianças que participaram de visitas regulares a fazendas educativas mostraram que:

• Apenas o contato semanal com cavalos já foi suficiente para alterar positivamente o microbioma intestinal delas.
• Idosos que adotaram cães apresentaram melhora tanto na saúde mental quanto na imunidade.

Ou seja, não é preciso criar vacas no quintal para fortalecer a saúde — basta um pouco de convivência com os bichinhos.

Passeios, parques e mais imunidade

Ter um pet também aumenta nossa exposição ao ar livre, o que é outro ponto importante. Caminhar com o cachorro, brincar no parque, sair para dar uma volta… tudo isso faz com que entremos em contato com bactérias e fungos do ambiente natural.

Esses microrganismos presentes no solo e nas plantas podem:

• Ajudar a diversificar o microbioma.
• Treinar o sistema imunológico a lidar com uma variedade maior de estímulos.
• Reduzir o risco de doenças autoimunes, como esclerose múltipla, colite ulcerativa e doença de Crohn.

Carinho que cura

A ciência ainda está investigando todos os mecanismos por trás dessa relação entre animais e imunidade. Mas uma coisa já parece clara: os pets nos fazem bem por dentro e por fora.

Além de amor, companhia e alegria, eles nos oferecem uma chance de reconexão com o que nossos corpos parecem ter perdido ao longo da vida moderna: a diversidade microbiana que mantém nosso sistema imunológico em equilíbrio.