A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a classificar a mpox (anteriormente conhecida como “varíola dos macacos”) como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). A decisão foi motivada pela propagação rápida de uma nova variante do vírus, a Clado Ib, principalmente na África Central. A República Democrática do Congo (RDC) é o país mais afetado, com quase 14 mil casos e 450 mortes registradas em 2024. A OMS reforça que, fora da África, o surto permanece com transmissão limitada.
A direção da organização afirmou que a mpox não é a nova Covid. Segundo Hans Kluge, diretor europeu da OMS, o mundo “já sabe muito” sobre a mpox e as autoridades já sabem como controlar sua disseminação.
Situação atual e novos riscos
A variante Clado Ib apresenta maior transmissibilidade e letalidade, afetando especialmente crianças e se espalhando por diferentes formas, não restritas à transmissão sexual. Em toda a África, o aumento no número de infecções foi de 160% em 2024, enquanto as mortes cresceram 19%. Além da RDC, outros países africanos, como Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, relataram casos pela primeira vez.
Impacto global e resposta da OMS
Embora o surto ainda esteja concentrado na África, a declaração da OMS visa coordenar uma resposta global para prevenir uma situação mais grave. O alerta facilita o financiamento internacional, permitindo o compartilhamento de vacinas, tratamentos e diagnósticos. Apesar da gravidade, a OMS esclarece que o status de emergência global não implica uma pandemia, mas sim uma medida para evitar sua escalada.
Risco no Brasil e vacinação
No Brasil, o Ministério da Saúde avalia o risco como baixo. Até agora, 709 casos e 16 mortes foram registrados em 2024, sem ligação com a variante africana. A vacinação no país é limitada a grupos específicos, como pessoas vivendo com HIV e profissionais de laboratório. Especialistas recomendam a vacinação em casos de contato com infectados, mas uma campanha em massa só ocorreria diante de uma crise global.
O que é a mpox e suas variantes
A mpox é uma zoonose viral transmitida por contato próximo com lesões, secreções respiratórias ou objetos contaminados. A doença é causada por um vírus do gênero ortopoxvírus, da mesma família da varíola humana, erradicada em 1980. A variante Clado Ib, responsável pelo atual surto na África, é mais letal que as anteriores, mas ainda não há consenso sobre as razões de sua maior transmissibilidade.
Transmissão e sintomas
A mpox se manifesta com febre, dores no corpo, calafrios, gânglios inchados e lesões na pele. A doença geralmente é autolimitada, com sintomas que duram de 2 a 4 semanas. A transmissão ocorre principalmente por contato direto com lesões ou gotículas expelidas por pessoas infectadas. A OMS reforça que o tratamento é baseado no manejo dos sintomas e que vacinas e medicamentos contra a varíola podem ser utilizados para prevenir casos graves.
Mudança no nome da doença
O nome “mpox” foi adotado para combater o estigma associado à antiga denominação “varíola dos macacos”, que remetia a uma origem equivocada da doença. Apesar de ter sido identificada pela primeira vez em macacos, o surto de 2022 não teve relação com esses animais, sendo transmitido exclusivamente entre humanos. A mudança de nome reflete uma iniciativa da OMS para evitar preconceitos e promover uma comunicação mais inclusiva.